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sábado, 27 de dezembro de 2008

Da memória das putas

Os fãs (incontáveis, eu sei) do livro do Gabriel García Márquez que me perdoem, mas que livrinho mais insosso! Não tou falando só da história do nonagenário (seguindo a construção de "sexagenário", entenda meu possível neologismo) com a coitada da Delgadina, que é a chatice em si, ainda mais pra mim, que imaginava uma quase-noite de amor entre um velhinho com as pelancas penduradas e uma criaturinha, que nem corpo direito tinha, tudo isso em um muquifinho desses lotados de pernilongo, com colchão manchado, um armário da fazenda da vovó e um daqueles espelhos de banheiros dos início dos anos 90. Era assim que vinha na minha cabeça, toda vez que o velho tinha oportunidade de dormir com a menina. Sinceramente, eu sou completamente elitista em minhas leituras. Gosto de ler fatos que acontecem em circunstâncias glamurosas, burguesas e limpíssimas. Aquela coisa de "O Cortiço" não tá com nada. É a mesma coisa pra filme. De drama, basta a vida, meu bem. Eu leio pra me distrair e não ficar pensando como será que o personagem do livro vai fazer pra comer hoje. Isso é muito diferente de alienação, é só uma preferência minha. Eu sei muito bem de qual é a do mundo. E não tem nada de glamuroso, burguês ou limpíssimo na maioria esmagadora dele. Sei disso, sei disso. Mas, como eu disse, as minhas leituras por hobbie devem ser lights. O máximo de drama que eu quero agüentar são os conflitos amorosos da mocinha ou os mistérios impossíveis de se resolver do herói.
Voltando ao G.G.M.: tudo bem, eu já li livros que a história em si não tem nada de complexo, mas que leva o leitor a uma reflexão relativamente profunda. E, bem, a possível reflexão que eu enxerguei não é nada profunda: celebre a vida! E trate de aproveitá-la, não chegue aos 90 sem ter amado. Mas se chegar, tudo bem, ainda tá em tempo! Tá, é lindo isso, mas nada que um livrinho de auto-ajuda não te diga. E não tem nenhum tipo de livro que eu deteste mais do que os de auto-ajuda! Desde "quem mexeu no meu queijo?", aos 11 anos eu abomino essa pseudo-literatura que só existe pra pseudo-confortar os leitores que insistem em achar que a solução dos seus problemas está na frase "no fim, tudo dá certo. Se não deu certo, é porque não chegou ao fim" (nada contra quem lê auto-ajuda, afinal, minha mãe é a rainha dos leitores desses livros, ela tem de tudo! Auto-ajuda na família, no casamento, com os filhos, com você mesma, no trabalho... Tudo!!!).
O que eu quero dizer é que esperava bem mais do livro, de tão comentado que é. Esperava mais da história e, principalmente, da forma de escrita do Gabriel García Márquez, que é elogiado a quatro ventos. Pra mim, não basta que o escritor use palavras rebuscadinhas em períodos longos (não tou falando que ele faça isso. Na verdade ele faz, mas não é só por isso que eu não gostei).

O esquema é ler mais um do Carlos Ruiz Zafón, aquele de "A Sombra do Vento", que eu escrevi sobre há uns meses atrás. Adorei o jeito que ele escreve, como ele conduz a trama e tudo mais. Depois venho contar. Mas prometo que vou acabar "A décima segunda noite", do Veríssimo (o filho), só pra eu vir contar aqui. E não espere críticas positivas, possível leitor. Até agora, é um dos piores livros que eu já li.

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