Os fãs (incontáveis, eu sei) do livro do Gabriel García Márquez que me perdoem, mas que livrinho mais insosso! Não tou falando só da história do nonagenário (seguindo a construção de "sexagenário", entenda meu possível neologismo) com a coitada da Delgadina, que é a chatice em si, ainda mais pra mim, que imaginava uma quase-noite de amor entre um velhinho com as pelancas penduradas e uma criaturinha, que nem corpo direito tinha, tudo isso em um muquifinho desses lotados de pernilongo, com colchão manchado, um armário da fazenda da vovó e um daqueles espelhos de banheiros dos início dos anos 90. Era assim que vinha na minha cabeça, toda vez que o velho tinha oportunidade de dormir com a menina. Sinceramente, eu sou completamente elitista em minhas leituras. Gosto de ler fatos que acontecem em circunstâncias glamurosas, burguesas e limpíssimas. Aquela coisa de "O Cortiço" não tá com nada. É a mesma coisa pra filme. De drama, basta a vida, meu bem. Eu leio pra me distrair e não ficar pensando como será que o personagem do livro vai fazer pra comer hoje. Isso é muito diferente de alienação, é só uma preferência minha. Eu sei muito bem de qual é a do mundo. E não tem nada de glamuroso, burguês ou limpíssimo na maioria esmagadora dele. Sei disso, sei disso. Mas, como eu disse, as minhas leituras por hobbie devem ser lights. O máximo de drama que eu quero agüentar são os conflitos amorosos da mocinha ou os mistérios impossíveis de se resolver do herói.
Voltando ao G.G.M.: tudo bem, eu já li livros que a história em si não tem nada de complexo, mas que leva o leitor a uma reflexão relativamente profunda. E, bem, a possível reflexão que eu enxerguei não é nada profunda: celebre a vida! E trate de aproveitá-la, não chegue aos 90 sem ter amado. Mas se chegar, tudo bem, ainda tá em tempo! Tá, é lindo isso, mas nada que um livrinho de auto-ajuda não te diga. E não tem nenhum tipo de livro que eu deteste mais do que os de auto-ajuda! Desde "quem mexeu no meu queijo?", aos 11 anos eu abomino essa pseudo-literatura que só existe pra pseudo-confortar os leitores que insistem em achar que a solução dos seus problemas está na frase "no fim, tudo dá certo. Se não deu certo, é porque não chegou ao fim" (nada contra quem lê auto-ajuda, afinal, minha mãe é a rainha dos leitores desses livros, ela tem de tudo! Auto-ajuda na família, no casamento, com os filhos, com você mesma, no trabalho... Tudo!!!).
O que eu quero dizer é que esperava bem mais do livro, de tão comentado que é. Esperava mais da história e, principalmente, da forma de escrita do Gabriel García Márquez, que é elogiado a quatro ventos. Pra mim, não basta que o escritor use palavras rebuscadinhas em períodos longos (não tou falando que ele faça isso. Na verdade ele faz, mas não é só por isso que eu não gostei).
O esquema é ler mais um do Carlos Ruiz Zafón, aquele de "A Sombra do Vento", que eu escrevi sobre há uns meses atrás. Adorei o jeito que ele escreve, como ele conduz a trama e tudo mais. Depois venho contar. Mas prometo que vou acabar "A décima segunda noite", do Veríssimo (o filho), só pra eu vir contar aqui. E não espere críticas positivas, possível leitor. Até agora, é um dos piores livros que eu já li.
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sábado, 27 de dezembro de 2008
Da memória das putas
Postado por Paula. às 19:53
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